Esta noite a tua boca é a mais bela rosa do universo
Bebo para afogar este pesadelo
Que o vinho seja rubro como as maçãs do teu rosto
E os meus versos tão leves como os anéis dos teus cabelos
(versão: J. Sousa Braga)
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
#21 - "Esta noite a tua boca é a mais bela rosa do universo", Omar Khayyam
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
#20 - ERÓTICA, Carlos Queirós
A noite descia,
Como um cortinado,
Sobre a erva fria
Do campo orvalhado.
E eu, (fauno em vertigem
A rondar em torno
Do teu corpo virgem,
Sonolento e morno),
Pensava no lasso
Tombar do desejo;
Em breve, o cansaço
Do último beijo...
E no modo como
Sentir menos fácil
O maduro pomo
Do teu corpo grácil.
Ou sem lhe tocar
-- De tanto o querer! --
Ficar a olhar,
Até o esquecer,
Ou como, por entre
Reflexos de lago,
Roçar-lhe no ventre
Luarento afago;
Perpassando os meus
No teus lábios húmidos,
Meu peito nos teus
Brancos
seios
túmidos...
Como um cortinado,
Sobre a erva fria
Do campo orvalhado.
E eu, (fauno em vertigem
A rondar em torno
Do teu corpo virgem,
Sonolento e morno),
Pensava no lasso
Tombar do desejo;
Em breve, o cansaço
Do último beijo...
E no modo como
Sentir menos fácil
O maduro pomo
Do teu corpo grácil.
Ou sem lhe tocar
-- De tanto o querer! --
Ficar a olhar,
Até o esquecer,
Ou como, por entre
Reflexos de lago,
Roçar-lhe no ventre
Luarento afago;
Perpassando os meus
No teus lábios húmidos,
Meu peito nos teus
Brancos
seios
túmidos...
sábado, 18 de outubro de 2014
#19 - "Revimos a grosseira superfície do", Gastão Cruz
Revimos a grosseira superfície do
amor
Ninguém pudera corrompê-la tanto
por actos e palavras. Estivemos
novamente deitados na aspereza
do seu leito
Um ramo na mão tinhas e quiseste
medi-lo com os lábios e metê-lo
no centro doloroso do teu corpo
Eu via as tuas mãos que procuravam
inseri-lo e guardavam
nas linhas ávidas o seu limite grosso
Interrompeste o
sono magoado do meu corpo
e comigo
dormiste sobre as manchas depois
amor
Ninguém pudera corrompê-la tanto
por actos e palavras. Estivemos
novamente deitados na aspereza
do seu leito
Um ramo na mão tinhas e quiseste
medi-lo com os lábios e metê-lo
no centro doloroso do teu corpo
Eu via as tuas mãos que procuravam
inseri-lo e guardavam
nas linhas ávidas o seu limite grosso
Interrompeste o
sono magoado do meu corpo
e comigo
dormiste sobre as manchas depois
domingo, 5 de outubro de 2014
#18 - CANTIGA, Francisco Rodrigues Lobo
Antes que o Sol se levante
Vai Vilante a ver o gado,
Mas não vê Sol levantado
Quem vê primeiro a Vilante.
VOLTAS
É tanta a graça que tem
Com uma touca mal envolta,
Manga de camisa solta,
Faixa pregada ao desdém,
Que se o Sol a vir diante
Quando vai mungir o gado,
Ficará como enleado
Ante os olhos de Vilante.
Descalça às vezes se atreve
Ir em mangas de camisa,
Se entre as ervas neve pisa
Não se julga qual é neve;
Duvida o que está diante
Quando a vê mungir o gado,
Se é tudo leite amassado,
Se tudo as mãos de Vilante.
Se acaso o braço levanta
Porque a beatilha encolhe,
De qualquer pastor que a olhe
Leva a alma na garganta;
E inda que o Sol se alevante
A dar graça e luz ao prado,
Já Vilante lha tem dado,
Que o Sol tomou de Vilante.
Vai Vilante a ver o gado,
Mas não vê Sol levantado
Quem vê primeiro a Vilante.
VOLTAS
É tanta a graça que tem
Com uma touca mal envolta,
Manga de camisa solta,
Faixa pregada ao desdém,
Que se o Sol a vir diante
Quando vai mungir o gado,
Ficará como enleado
Ante os olhos de Vilante.
Descalça às vezes se atreve
Ir em mangas de camisa,
Se entre as ervas neve pisa
Não se julga qual é neve;
Duvida o que está diante
Quando a vê mungir o gado,
Se é tudo leite amassado,
Se tudo as mãos de Vilante.
Se acaso o braço levanta
Porque a beatilha encolhe,
De qualquer pastor que a olhe
Leva a alma na garganta;
E inda que o Sol se alevante
A dar graça e luz ao prado,
Já Vilante lha tem dado,
Que o Sol tomou de Vilante.
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